O que é Amaurose congênita de Leber?

A Amaurose congênita de Leber é uma doença degenerativa hereditária da retina caracterizada por perda grave da visão desde o nascimento.

 

Quais são os sintomas?

Perda grave da visão desde o nascimento, nistagmo, olhos fundos, maior sensibilidade à claridade, também ocorrem nesta doença. Alguns pacientes com ACL também tem anormalidades do sistema nervoso central, como atraso do desenvolvimento, epilepsia e dificuldades motoras. Como a ACL é uma doença relativamente rara, a frequência de complicações do sistema nervoso central é desconhecido.

 

Quando a Amaurose Congênita de Leber é diagnosticada?

Nos primeiros meses de vida, os pais observam falta de resposta visual e movimentos oculares anormais, conhecido como nistagmo. O exame oftalmológico das crianças com ACL revelam retinas de aspecto normal. Entretanto, o exame eletrorretinograma (ERG) de campo total, que mede a função visual, detecta pouca ou nenhuma atividade da retina. O ERG é um exame essencial no diagnóstico da ACL, e muitas vezes seus resultados precisam ser repetidos e confirmados, dependendo da idade da criança que está sendo avaliada. A partir da suspeita da origem retiniana para a baixa visão, o teste genético é solicitado.

 

Como a Amaurose Congênita de Leber progride?

Apesar do aspecto da retina alterar com a idade, a visão se mantém praticamente estável até a adolescência. O prognóstico visual  a longo termo ainda não está definido. A acuidade visual em pacientes com Amaurose Congênita  de Leber é variável, podendo ser limitada a conta dedos, detecção de movimentos de mão e percepção de luz nas formas mais graves, mas alguns pacientes podem ter visão de até 20/30. Outra característica predominante variável é a sensibilidade à luz (fotofobia) em alguns, e a cegueira noturna em outros, característica que reflete o genótipo (gene causador da doença). 

 

Como a Amaurose Congênita de Leber é transmitida?

A ACL é uma doença genética transmitida com padrão autossômico recessivo na maioria dos casos.

 

A Amaurose Congênita de Leber pode ser tratada?

Em 1997, os pesquisadores do NEI identificaram um gene causador da ACL, chamado RPE65. Como o próprio nome diz, o RPE65 é ativo na camada de células chamado epitélio pigmentado da retina, abreviado como RPE no inglês (retinal pigment epithelium). As células do EPR mantém a função dos fotorreceptores na retina neural.

As mutações neste gene foram identificadas como causa da ACL nos cães Briard. Em 2000, um grupo de pesquisadores injetaram uma única injeção  contendo o RPE65 normal (terapia gênica) em cães Briard com ACL. E estes cães melhoraram significativamente sua visão, e passaram a perceber objetos e obstáculos enquanto caminhavam, e o percurso de uma pista. E, com apenas uma injeção, estes cães tem mantido sua visão, sem sinais de complicação.

Desde esta descoberta, os pesquisadores conseguiram aprovação para testes clínicos, que resultaram em 2017 com a aprovação da medicação Luxturna nos Estados Unidos. Em agosto de 2020, o Luxturna foi aprovado no Brasil, como tratamento para as distrofias relacionadas às variantes bialélicas no gene RPE65.

Vários testes clínicos para desenvolvimento de terapias para tratamento das distrofias causadas por outros genes estão em andamento, mostrando resultados interessantes. Se você quer saber mais sobre os tratamentos em desenvolvimento, leia sobre pesquisa clínica.